Leitores

sexta-feira, 23 de março de 2012

VAI LÁ CHICO.......



Nesta sexta 23 de março de 2012. Saiu a convocação para a seleção que fará um amistoso no céu, e Deus convocou o "Coalhada".

quarta-feira, 14 de março de 2012

DE REPENTE VOCÊ.





Quando o sol se oculta, é porque já cumpriu sua missão de iluminar o dia.
Quando a lua se expõem nua e bela, é porque a noite a espera pra falar de amor.
Quando a brisa toca as pétalas das rosas quebrando o silencio da noite, é porque a suavidade da vida se espalha por entre o brilho do sol, a luz lunar e a sutileza da rosa.
Não teríamos vida sem o calor do sol. Não brilharíamos sem a espontaneidade da lua, e nem sentiríamos o perfume da vida sem o perfume da flor. Mas de nada valeria nossos sentimentos se por entre, calor, luz, brilho e sutilezas, não resplandecesse sorrisos iguais ao seu.
Inveja de ti a lua, pois teu sorriso a ofusca. Copia-te o sol, pois seu brilho e o seu calor o intimidam.
Há! Menina. Nem mesmo a rosa consegue se conter na presença de sua inexplicável beleza.

A LENDA DA CORUJA BRANCA


Quem nunca ouviu falar do misterioso granido rasgado das assustadoras corujas brancas do interior?
Qual vivente caipira que participou do silencio da madrugada roceira que nunca se assustou com os causo e as estórias horripilantes sobre a famosa coruja branca?
Roga a lenda popular roceira que quando um desses pássaros cruzar os céus e quebrar o silencio da madrugada soltando seu rasgado cantar, é porque a morte está por perto. Ainda afirma a lenda que para quebrar este encanto, é necessário iluminá-la com um tição em brasa ardente no ato de seu cantar.
Quanta crendice. Como poderia um pássaro de tão grandiosa beleza portar notícias tão ruins?
Pois é exatamente por esta injusta fama que eu vou contar a vocês: A LENDA DA CORUJA BRANCA.



Uma estradinha de terra vermelha cruzava a imensidão de pés de café sob uma fina e compacta poeira. Pela estradinha uma carroça em alta velocidade parecia querer vencer o tempo e a velocidade.
E não era pra menos, na carroça viajava a velha parteira dona Iria que fazia de sua vida o esforço para trazer ao mundo mais uma criança.
Dona Iria como era conhecida tornou-se a líder espiritual daquela região, viajava por entre os benzimentos e os conselhos. Cuidava para que as crianças viessem ao mundo através de suas mãos. Uma mulher forte, intrigante, misteriosa. A sua fé conduzia os pensamentos das mais diferentes opiniões. Pra alguns, uma bruxa ligada aos feitos sombrios dos rituais e de magias. Pra outros, uma mulher abençoada por Deus.

Iria, não media esforços para ver seu povo bem. Cruzava noites em claro, não comia pra mais de vezes apenas para acalentar um pobre moribundo.

Lembro-me que meados do mês de agosto as tardes eram longas, os cafezais do norte do Paraná reluziam seu verde forte, imponente.
Nas colônias os caboclos se agitavam para um ano farto e feliz. Naquele mês a cegonha tinha sido generosa, pois quatro mulheres que estavam grávidas deveriam dar a luz. Dona Iria já havia preparado todo seu aparato para a grande missão. Na fazenda do Taquaruçu Dona Maria engravidou e dará a luz ao estripulento Inhá, na Fazenda São Vicente, Katarina paria Toim, já na Fazenda Quebra Canoas nasceria o Mauro filho do Léro-léro enquanto no vilarejo do Panema, dona Julia arrebentaria o Jubinha. Mas para Iria tudo se resolveria numa questão de fé, organização e um pouquinho de sorte. A vida caminhava lentamente como tudo naquela região. O rio Engano abastecia as pequenas casas ainda de madeira, o João Preto ainda gargalava sua caninha, o Joaquinzim com seu radim sofria com a fase ruim de seu time “ o Santos”. Tudo parecia na maior normalidade até que entrou pela vila na maior da correria o peão Agildo montado em seu pangaré rumando-se a casa da velha benzedeira. Ainda de sobre seu cavalo e muito afoito foi dizendo:
___ Corre dona Iria, pois o trem ta brabo lá na fazenda. Dona Maria parece que vai dar a luz e estão dizendo que dona Katarina, dona Julia e Bastiana também estão passando mal. Parece dona Iria que as quatro muié vão dar a luz de uma só vez.
___ Não se aperrengue meu filho, há jeito pra tudo. Disse dona Iria com uma calma invejável. Acenou ao seu Zé que já vinha com a carroça arriada. Dona Iria juntou seus apetrechos de parteira jogou tudo dentro de uma mucuta, subiu na carroça e dirigiu-se rumo as fazendas.
Há tempo não chovia na região e naquele dia as pesadas nuvens pareciam programar uma tempestade. O vento já havia chegado fazendo da região um caldeirão de poeira vermelha cobrindo todo o céu. Era tanta poeira que o céu ficou vermelho, um cenário arrepiador.
Mas a velha parteira não se intimidava e cruzando aquela ventania empoeirada chegou a Fazenda Taquaruçu onde dona Maria já iniciava o parto. E foi assim, com sua calma e sua sabedoria popular que dona Iria trouxe ao mundo o forte Inhá. Sem perder tempo montou na carroça de seu Zé e rumou-se a Fazenda Dois Irmãos, onde Katarirna sofria de dores com a chegada do garoto Toim. Enfim a chuva chegou, mas diante a alegria de ver a terra molhada novamente chegou também a preocupação, pois ventava muito, e como se não bastasse com a chuva veio o granizo. E agora, aquela que era uma empoeirada e seca estrada, se tornara em um escorregadio e intransponível mar de lama. Mas para a velha guerreira, só Deus a impediria de ver mais um rebento chegar ao mundo.

A chuva era muito forte, o vento jogava a carroça de um lado paro o outro, mas não demorou muito a Fazenda Quebra Canoas recebia a visita da velha parteira. E foi assim que Mauro veio ao mundo para somar mais um encapetado caipirinha naquelas bandas.

Os sinais de cansaço já incomodavam a mulher, mas ainda havia uma criança para vir ao mundo, e ela não poderia falhar. Aconselhada a esperar a chuva passar, ela não se intimidou dizendo:
___ A natureza não espera, e eu tambem não. Dizendo assim já estava sobre a carroça e chamando pelo velho Zé.
A chuva não dava trégua, o vento aumentava, o granizo caia com pedras lançadas por estilingues. Mas a missão precisava ser cumprida.
O velho burro que puxava a carroça já não resistia mais. E ao passar pela ponte branca do rio Engano o animal escorregou-se na lama da estrada vindo a lançar a carroça contra um barranco. Dona Iria e seu Zé foram jogados fortemente contra a mureta de proteção da ponte. Seu Zé nada sofreu, mas a velha parteira por ter batido com a cabeça, ficara por alguns minutos desacordada e quando voltou a consciência notou um corte profundo na altura do supercílio.
Dona Iria arrancou de dentro da mucuta um lenço, enrolou na cabeça, pegou o velho Zé pelo braço e rumou-se a casa de dona Julia.
Cambaleou, mancou, quase se rastejou, mas em pouco tempo batia a porta da casa da mãe em trabalho de parto.
E não demorou muito se refez, e entre um carinho e outro ao corte do cordão umbilical a velha parteira trouxe ao mundo o moleque Jubinha.
Dona Julia abraçava pela primeira vez a sua cria, enquanto no fundo da sala de piso de assoalho dona Iria fechava os olhos e ali mesmo nos braços de seu companheiro, morria.

Porem! Diante a bondade daquela vivente, os deuses não permitiram que ela simplesmente se fosse como um ser comum. A chuva cessou, nenhuma pedra de granizo mais caiu. O céu tornou-se límpido e de um azul  estonteante.
Foi assim diante deste cenário e ao som do choro do recém nascido que uma luz vinda dos céus entrou pela janela daquela casa, cobriu o corpo já inerte da vela mulher e numa misteriosa metamorfose a parteira foi se transformando numa imponente e linda coruja branca.
E desde este dia, ela vive pelos sertões do Paraná num vôo solitário, cortando o silencio da madrugada e anunciando a chegada de mais um bebe.
Então! Todas as vezes que você ouvir o cantar rasgado da coruja branca, não se assuste, pois ela esta apenas anunciando que naquela região nascerá mais uma criança.

Gilberto Julia
Minha foto
Londrina, Norte, Brazil
Ler, eis a diferença.