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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O CÃO NOSSO DE CADA DIA


Caminha pelas ruas num cambalear sem rumo.
Tropeça pelas latas na busca do saciar.
Finge ser, sem ser.
Vai mesmo sem saber pra onde.
Ouve o roncar vindo de dentro, sente o silencio vindo a alma.
Ainda caminha num cambalear sem rumo.

Na lata não há nada, a fome persiste, a dor entristece.
A solidão desfalece.
Seu amigo, um cão.
Sua posse um saco, no saco um nada.
Um nada de vida, um nada de nada.

Olhe sua face, esculpem-se as rugas.
Sinta suas mãos, suaves são os calos.
Sinta sua dor, dor de saudade.
Dor de família.
Dor de amor.

De repente um carro.
O alerta do amigo.
Voltar não dá.
Avançar não deu.
Ali ficou inerte ainda sem rumo.
Ainda sem rumo.
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Londrina, Norte, Brazil
Ler, eis a diferença.