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domingo, 9 de dezembro de 2018

DA PERA, UVA OU MAÇÃ AO LIVRE ARBÍTRIO


Desde que passamos a ver o mundo com a nudez dos olhos humanos, somos programados pra viver em sociedade, somos provocados a decidir nossas escolhas....por entre os amigos ainda criança, um par ou ímpar? Uma pera, uva, ou maçã? A Madona ou o Michael? Até que em pouco tempo a inocência se esvazia, e as escolhas surgem de forma mais intensa e desafiadoras. Medicina? Ou Direito? Um carro? Ou uma moto? Pagar primeiro, a conta de água? Ou a de luz? A vida se apresenta como num teste de escolhas múltiplas, mesmo sabendo que ao escolhermos o azul, temos que abrir mão do amarelo. Assim, somos nós. Até que de repente, uma sensação estanha e inexplicável, surge em nossas vidas frustrando todo o conceito da escolha certa..... O amor! Criamos perspectivas, projetamos sonhos e idealizamos um perfil. Até que um ser desconhecido, que entrega panfletos no sinal, distante de ser a pessoa dos sonhos, e até então idealizada, não te da a mínima chance de escolha, se quer permite, um par ou ímpar, um cara ou coroa. E lá se foi toda a sua idealização, seus conceitos, ideologias e sentimentos. A pessoa do sinal arranca de ti emoções até então desconhecidas, profundas, inesperadas. E o pior.... sem te dar a chance do bíblico livre arbítrio. E pela primeira vez desde a escolha entre o parto natural e a cesárea, você não sabe como decidir. Sua razão te manda ao sul, e suas emoções ao norte. Mas sem direitos, sem escolhas, como num AI5 Celestial. E ali, no confuso e emaranhado do cruzamento da vida, com as dúvidas em amarelo, como a família, história, posses e lógica. O vermelho, reina absoluto, impondo seus caminhos e seu destinos. Não importa seus desejos, suas vontades, oque importa é o sorriso na foto, a maquiagem que camufla seus traços reais de alguém que chora, que sente saudade, que se desespera. Para o vermelho dos bons costumes o importante, é você ser referencia, como a esposa ou marido, mãe ou pai, filha ou filho. Oque deve te fazer feliz, são as viagens, as academias, o carro importado, a conta no banco, o vazio tecnológico de última geração. O status social por entre os seus, enquanto que em sua intimidade avermelhada, a busca desesperada de paz, alívio e prazer, tornam-se vazios, pequenos, midiáticos e as vezes humilhantes e sujos. Mas o verde da paixão, do afago, da palavra com carinho, do abraço real e protetor insiste em te fazer seguir. Seguir rumo a um mundo cheio de calor e arrepios, abraços, partidas e retornos, sem códigos de barras ou etiquetas. Um mundo de saudades, de ansiedade, de medos e de sonhos. Um mundo de pequenos gestos, como uma frase escrita em um lugar qualquer por um transeunte e seu cão, uma chave perdida, um impresso no vidro do carro, uma flor, uma frase de amor. Porem, o vermelho da vida travestido de valores e razões impostas, o confunde diante sua própria existência. E a vida segue assim. Colocando-nos diante nossas escolhas. Nossos caminhos e nossas razões. Nem sempre escolhemos conforme desejamos. Mas escolhemos conforme alguém deseja. Como deseja o pai. Como deseja a mãe, como desejam, os filhos, amigos e a mídia. Mas nem sempre, como deseja a alma.
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Londrina, Norte, Brazil
Ler, eis a diferença.