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sexta-feira, 25 de março de 2011

O MONSTRO DO LAGO NESS VISITOU LONDRINA








O garotinho de nariz ranhento parou a bicicleta e ainda ofegante me perguntou:
___ Ô tio! Dondi fica o Lago Igapó?
Confesso que eu ainda estava meio confuso. Pois à pouco chegara em Londrina e o amor imediato me fez ficar.
___ Siga nesta direção, logo após aquela esquina você o encontrará.
Não demorou muito um casal de velhinhos, muito animados por sinal, perguntaram:
___ Ô meu filho, o Lago Igapó esta longe?
___ Não vô! É logo ali, depois daquela esquina.
Em seguida um casal de namorados.
Logo mais, um grupo de estudantes.
Veio o indigente, o vendedor de pipoca, e os sorveteiros rumaram-se na direção do lago.
Dois guris rolando um pneu também. O moto boy, um gordo que caminhava.
E três amigos; o de muleta dizia:
___ Andem logo. Vocês vão me atrasar.
___ Num quero nem ver. __ respondeu o ceguinho:
Enquanto o mudinho apenas gesticulou, querendo dizer:
___ Num tô falando?
Confesso que a curiosidade bateu. Juro que eu também queria saber oque ocorria de tão extraordinário no Lago Igapó.
Assim como quem não quer nada, disfarçadamente, fui me dirigindo ao Lago.
Haaaa! Se vocês soubessem! Londrina é mesmo inexplicável.
Lá estava ele. Robusto, forte, uma calda linda e imponente.
Rodeado de curiosos, até a imprensa estava lá pra registrar o fato.
Acreditem! Havia um jacaré no lago igapó.
Londrina é assim.
Tem locutor esportivo famoso.
Tem exemplo nas olimpíadas.
Tem um povo maravilhoso, tem ministro.
Agora tem até jacaré no Lago.
Só nos falta, um prefeito.

Crônica publicada no Jornal de Londrina em dezembro de 2008 para comemorar o aniversário da cidade de Londrina. Neste período um processo havia afastado o Prefeito Municipal.

POMPEIA "sinópse"

O final daqueles tempos parecia ser exatamente aquele momento.
Depois de milhões de anos em que a terra havia sido dominada por deuses, um novo tempo começava a surgir. Os deuses que dominavam as águas, a terra, os ventos, e cada uma dessas dádivas divina, concluíram que aquele era o momento para a grande transição. Momento em que eles passariam os mistérios da vida aos homens, como Deus desejava.

Assim, todos eles, do deus sol a deusa lua, reuniam-se em Pompéia para a grande transição. Mas o deus terra se opunha aquela decisão, afirmava que o homem mortal não estava pronto para descobrir a origem da vida. O chamado elo entre o criador e a criação. Mas como os deuses usavam da sabedoria e da plena democracia, a maioria venceu e naquele dia 28 de agosto de 1400, na pequena vila de Pompéia, todos reuniam-se para abrir a caixa secreta, recipiente sagrado onde se depositava a luz da vida que em contato com a luz do sol surgiria um portal, que daria a passagem para o mundo da vida, lugar onde estariam escritas todas as respostas até hoje procuradas pelo homem.
Assim se fez. Ao redor de uma grande mesa, todos os deuses preparavam-se para a cerimônia. Apenas o deus terra por se opor, preferiu não comparecer. Então foi assim, momentos antes da caixa da vida ser aberta e todos os segredos da criação serem revelados aos mortais, o deus terra usou sua poderosa força e lançou sobre Pompéia sua fúria. Os outros deuses foram pegos de surpresa, e toda a vida naquele pequeno vilarejo, tornou-se pedra. Até mesmo os grande deuses se petrificaram à volta daquela mesa, tendo ao centro a misteriosa caixa da vida. Assim os segredos da humanidade, e todas as respostas às perguntas feitas pelos homens de hoje ainda estão protegidas, petrificadas naquela pequena caixa.

Vaticano ano 2003 DC.
O Papa João Paulo II preparava-se para revelar ao mundo o terceiro segredo de Fátima. Por todo o globo terrestre, a imprensa especulava sobre o verdadeiro conteúdo daquele segredo. Falava-se sobre o atentado do Papa nos anos 80, mas algumas correntes, inclusive dentro da própria igreja comentavam sobre a existência da caixa da vida e que este era o verdadeiro segredo a ser revelado.
O alto escalão católico negava as informações, mas de dentro da igreja uma ala radical e desconfiada resolve enviar à Pompéia uma comissão para investigar e tentar localizar a caixa, antes que outras pessoas colocassem as mãos naquela relíquia Divina. A comitiva católica era composta por quatro integrantes do alto escalão do Vaticano, entre eles Don Honório Agustini, uma espécie de descontente com o andamento da Igreja Católica diante a realidade humana nos dias de hoje. Seus planos não eram apenas preservar a caixa, e sim apoderar-se da mesma e tornar-se o homem mais poderoso do mundo.
Nesta comitiva, ainda encontrava-se Marina, uma espécie de braço direito do alto comando Papal.

Woshington, ano de 2003 DC.
Enquanto o Vaticano se preparava para anunciar ao mundo o terceiro segredo de Fátima, na capital americana, sendo mais exato na sede do Governo, um executivo, proprietário de uma poderosa empresa no ramo de informática reunia-se com o Presidente Americano expondo sua descoberta, sobre o possível segredo religioso e que, se os americanos colocassem as mãos naquela relíquia, o país dominaria o mundo tendo aquela empresa como a administradora do feito.
Naquele encontro, o empresário pedia apoio do governo americano para colocar seus planos em ação enviando soldados para a região de Pompéia para também pesquisar e encontrar a caixa.

Brooklin, uma noite qualquer de 2003.
Num beco deserto num clima pós-chuva, apoiando-se sobre alguns latões de lixo, dormia como um anjo, o jovem indigente de cor negra, Clinton.
Enquanto Clinton dormia, uma forte luz cortava o céu do Blooklin e pousava ali ao lado daqueles latões. Da luz surgia um anjo que serenamente observava Clinton. E ali ficava decidido que aquele simples homem seria quem salvaria a humanidade, evitando que a caixa da vida caísse em mãos ambiciosas.
Foi assim que Clinton envolveu-se em uma trama inexplicável e quando, deu-se por fé estava em Pompéia totalmente envolvido com a questão da caixa.

Pompéia, alguns dias depois.
Os americanos transformaram a pequena vila, em um cenário de guerra. A igreja católica dividida, infiltra sua comissão por entre aquele povo, e no aeroporto chega ainda sem entender quanta mudanças em sua vida o ex indigente Bill Clinton.
Clinton não entendia nada e como se guiado pela mão de Deus, vai cada vez mais se aproximando do mistério da caixa.

Enfim, todos estavam em Pompéia. E assim começa uma grande batalha à busca daquela relíquia. Catástrofes, monstros mitológicos, mágicas e um fantástico mundo de ilusões movimenta aqueles que sonham em por as mãos na poderosa caixa da vida.

Assim, os bons de coração começam a se aproximar da caixa.
A enviada pela Igreja Católica se apaixona por Clinton, que durante a batalha já havia se declarado a moça. A batalha de Pompéia torna-se cada vez mais difícil, e tendo como cenário o cume de um vulcão Clinton consegue apoderar-se da caixa. Neste momento as forças armadas americana invadem o local, e comandada pelo ambicioso empresário, golpeia Clinton, fuzila a comissão da igreja e apodera-se da caixa. A reação de Clinton é imediata e com o apoio de Marina consegue recuperar a relíquia. É neste momento que todos os pensamentos humanos de poder e conquista passam pela cabeça de Clinton. Mas as imagens das guerras, fome, miséria e a desgraça humana, faz o herói acreditar que o homem ainda não esta preparado para apoderar-se de tanto poder. E em sua mais profunda sensatez permite que a caixa caia no olho do vulcão, onde o rico empresário, desesperado pula atrás.

O LENDÁRIO GENORÃO





Há! Esse tal de Genorão, Na verdade era Agenor Pereira dos Santos, um típico boiadeiro mineiro que vivia pelas andanças do sertão brasileiro levando e trazendo boiadas.
Numa dessas fantásticas cruzadas, Genorão acabara de levar quase 2000 bois de Minas ao Paraná. Havia entregue dedicadamente boi por boi. Dispensou sua comitiva que voltou para Minas e resolveu dar um bodeijo pelas terras paranaenses. E foi ali, onde hoje é a BR 369 que liga Londrina à Ourinhos no Estado de São Paulo. Um pequeno povoado se firmava a mata ainda era virgem a atual BR era apenas uma confusa picada no meio da mata. Mas onde é hoje o KM 95 havia algumas casas uma espécie de colônia de lavradores que lidavam na lavoura de café. E como não poderia faltar havia uma casa de diversão, na época chamada de zona, ou zonão. E foi ali que Genorão viveu uma de suas mais inexplicáveis histórias.
Adentrou a vila com seu imponente cavalo branco, parecia um herói de filmes americanos. Parou diante a zona, quebrou seu chapéu na testa, fez pose de quem queria dizer, “ cheguei”.
Logo veio uma linda morena, cabelos longos e lisos, corpo escultural distribuído dentro de um longo vestido. Longo porem abusado nos decote e na abertura lateral.
Genorão não se fez de rogado foi logo abraçando a morena e partindo para os beijos e abraços.
Os carinhos foram regados pela mais pura cachaça daquela região.
A festa no ambiente entrou noite a fora. E quando Genorão se deu por fé estava no quarto, já pronto para mais uma de suas milhares de aventuras. Foi quando lembrou que por uma questão de respeito a Nossa Senhora Aparecida não fazia maior com o seu cordão de prata que trazia como pingente um a imagem da Santa. Interrompeu por segundos o desejo, retirou a cordão e delicadamente o pendurou sobre a guarda da cama. E assim Genorão e a linda morena cruzaram a noite entre carinho e altas gargalhadas.
Enfim o dia amanheceu, Genorão pagou a moça, vestiu sua capa, quebrou o chapéu na testa, montou seu alazão e partiu mata a fora. Ao cruzar a pequena ponte do rio Macuco ainda existente no local, lembrou-se de seu cordão com a imagem da Santa. Genorão poderia perder tudo nesta vida, menos aquele cordão, acreditava ele que a imagem o protegia do mal.
Aos galopes retornou ao povoado, cruzou a rua central e meio confuso não encontrava o prostibulo. Foi e voltou várias vezes mas não localizava a casa. Lembrou-se que a casa ficava entre uma venda e uma selaria. Observou por vários minutos, a venda estava ali, a selaria também, mas entre uma e outra havia apenas um terreno baldio, coberto de capim colonhão e alguns pés de mamona.
___Não! Eu não estou ficando louco, tenho certeza que era aqui. – Indagou Genorão.
Caçou a barba, tirou e colocou várias vezes o chapel. Rodeou de novo o local e não agüentou.
Ao observar uma beata que por ali passava, tentou perguntar se estava no lugar errado, se ali não havia uma casa amarela com fitas pregadas na porta.
A beata nem deu atenção, continuou andando, ignorando o peão.
Em seguida veio um senhor de cabeça baixa. Então foi a pergunta.
___ Moço! Me diga que não estou louco. Cadê aquela casa amarela que ficava aqui, exatamente aqui neste lugar.
___ O senhor não deve ser daqui, não é não?
___ Sou de Minas Gerais, mas não enrola. Cadê a casa daqui?
___Carma seu moço. Não quis perturbar. Mas se o senhor não sabe vou contar. Ai era uma zona muito famosa, mas já faz dez anos que houve um incêndio, um fogo horrível, e as meninas morreram todas queimadas.
___ Larga de mentiras seu bêbado caduco. – Bravejou Genorão.
___ Se quiser acreditar, acredite, se não quiser, nem te ligo. Saindo de cabeça baixa o velho homem.
Genorão ficou confuso. Como poderia essa estória ser verdade, se na noite passada, ali naquele mesmo lugar havia passado uma bela noite.
Mesmo assim, apiou do cavalo, abriu o capim colonhão, e lentamente foi adentrando o mato. Alguns pés de mamona invadiam o local, resíduos de carvão, pedaços de mobílias queimadas, um cenário horrível.
E foi ali, exatamente ali que Genorão teve a maior surpresa de sua vida.
Pendurado em um galho de um pé de mamona o seu cordão com a imagem da santa.
Exatamente como ele havia deixado.


Original do curta "Genorão" da RPC/Globo 2008.
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