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terça-feira, 5 de abril de 2011
A LABUTA "poema"
Rasga-se o véu da madrugada,
desvirginando a manhã cabocla do sertão.
Rasga-se a escuridão enluarada, parindo o dia
entre prosa e canção.
Sereno que encharca nossas almas, brisa
que acalenta nosso ser, fumaça do fogão a lenha,
já tem café quente pro caboclo bebe.
Calou-se o grilo estridente, o coaxar do sapo se foi,
anunciou a manhã cabocla o galo preto e o boi.
Lima nova no afiar da enxada, cabo de peroba do bão,
ceifar a terra de Deus, semente amante do chão.
Calos que esculpem a mão, palheiro arrochado e o binga
queimando o fumo peão.
Engole seco a poeira, limpa o suor da testa com a mão.
Momento já é meio dia, marmita, ovo, serraia e feijão.
O sol esquenta o moleira, a formiga cutuca o dedão.
É hora da Ave Maria joelho dobrado no chão.
Gilberto Julia
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