Quincas nasceu Arquimedes Araújo,
mas por sua simplicidade entre os seus amigos, tornou-se o Quinzim. Apiou de
seu cavalo branco impecavelmente arriado em uma fazendo de café no norte do
Paraná, Fazenda Dois Irmãos de uma família libanesa. Na época o forte era a
colheita de café e a colônia estava tomada por afamilias que se aglomeravam
naquela batalha rural.
Quincas
não exitou, ao ver a quantidade de morenas lindas no local resolveu pedir
serviço na fazenda.
Cansado
de andanças resolveu quietar queria uma vida calma, sem tantas aventuras como
havia vivido até aquele momento.
Na
fazenda havia dezenas de famílias que moravam em suas casas de madeira próximas
umas as outras formando as grandes colônias típicas na região.
Quincas
logo foi se enturmando e logo conheceu Catarina, a jovem era bela, a mais bela
que o homem havia conhecido em suas aventuras. E pela primeira vez Quincas
resolveu namorar e desta vez sério, muito sério.
O
problema, era que Catarina morava em uma outra colônia, pertencente a uma outra
fazenda que ficava a dezenas de quilômetros dali.
Mas
sua beleza encantou Quincas que toda sexta-feira, arriava seu cavalo e
cavalgava por horas para encontrar a bela Catarina.
No
caminho, Quincas cruzava pontes, passava por vales, matas sombrias, mas nada o
impedia.
O
Problema surgiu naquela quaresma. Período em que aquela gente acreditava que
uma terrível mula sem cabeça, andava pelas noites do sertão aterrorizando
todos.
O
povo daquela região comentava o tempo todo sobre as atrocidades causadas pela
terrível mula.
Mas
para Quincas o amor por Catarina valia o risco de ter que enfrentar a fúria da
besta.
E
assim aconteceu, voltando da fazenda em que morava Catarina, ao cruzar a ponte
do rio, o susto, lá estava a mula, grande, peluda, horrível.
E
o bicho partiu para cima de Quincas. No início até que o homem pensou em
enfrentar a fera, mas quanto mais a mula surgia mais o medo crescia, e
aplicando uma forte esporada em seu alasão, rumou-se estrada a fora em busca de
sua casa.
O
cavalo corria, e em seu encalce a fera.
Quilômetros
foram percorridos até que ao entrar em seu quintal, a fera uivou e desapareceu.
No
dia seguinte, Quincas não se abalou pois a beleza de Catarina o esperava.
O
problema era a volta.
E
mais uma vez o corre-corre. Desta vez a mula surgiu ainda mais feroz, até
parecia que o problema da fera era mesmo o pobre Quincas.
Mais
uma correria. E ao entrar em seu quintal a mula desapareceu.
Quincas
não sabia mais oque fazer, seu amor por Catarina era grande, a beleza da morena
o impressionava, mas a perseguição daquele bicho o estava cansando.
Num
domingo após a missa na capela, Quincas resolveu ir pra casa mais cedo, estava
cansado e naquela noite não queria apostar corrida com nenhum bicho.
Despediu-se
de Catarina e partiu. Mas de nada adiantou, ao cruzar a ponte, lá estava a
coisa.
Ao
avistar o bicho, seu cavalo assustou-se, empinou e o jogou ao chão.
Ao
levantar, viu que seu cavalo não estava mais ali.
Ao
cata-cavaco, começou a correr, e em seu encalce, a estranha mula.
Corre
daqui, corre daí até que o amedrontado homem chegou todo esfarrapado ao seu
terreiro.
E
o bicho desapareceu.
Quincas
não aguentava mais. Estava louco por Catarina, mas via que a qualquer momento
ia ser pego pelo bicho.
No
outro dia, na lavoura de café, Quincas conheceu Sebastiana, uma benzedeira da
região.
Mulher
estranha, cheia de mistérios.
___
Quinzim! Sei de sua peleja com a mula.
___
Como sabes? Se nunca contei a minguem.
___
Só saiba que sei. Mas vou lhe dizer. Nenhum bicho deste, entra no terreiro
alheio.
A
não ser que seja convidada. Ofereça-lhe sal.
___
Como assim? Assustado perguntou o pobre.
___
Em sua fuga, no ponto em que separa o descampado da lavoura com o seu terreiro,
você deve parar, fitar os olhos da besta-fera, e convidá-la a vir até a sua
casa buscar sal. E na manhã seguinte a pessoa que se transforma neste bicho
baterá em sua porta pedindo sal emprestado.
Quincas
não quis acreditar, mas era melhor não abusar.
E
assim aconteceu.
Naquela
noite, ao voltar da casa de sua amada, a mula o interceptou antes da ponte.
E
como de costume a correria.
Quincas
estava com muito medo, mas resolveu fazer oque a benzedeira havia dito.
Ao
cruzar a linha imaginária que separava o seu terreiro do descampando, ainda
tremulo o homem parou virou-se e encarou fera.
A
olhou nos olhos, tremulo e já todo molhado disse:
___
Se és tão corajosa sua coisa estranha, venha amanhã bem cedinho em minha casa
buscar um pouco de sal.
A
mula arranhou o chão, relinchou uivou e desapareceu.
Naquela
noite, Quincas não dormiu. Cruzou a noite sentado sobre o fogão a lenha até o
sol surgir por entre os cafezais.
Foi
quando três toques soaram contra sua porta.
Quincas,
meio tremulo lentamente abriu a porta.
E
a surpresa estava alí.
___
O senhor tem um pouquinho de sal para me emprestar?
Pediu-lhe
suavemente a bela Catarina.
FIM.
Um comentário:
Grande Giba!
Legal o Blog!
Sucesso!
Abraços
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