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terça-feira, 13 de setembro de 2011
BOIS, PEÕES E NEW HAVE - "Causo"
Os cowboys ainda calçavam botinas, não fumavam mallboro e ainda eram chamados de peões. Os rodeios não tinham estrelas e as festas de peões ainda eram chamadas de montarias. O Brasil passava por um período de transição, a política era tão confusa quanto os cowboys caipiras que não se decidiam entre o new have ou o cigarro de palha. Nossos mazzaropis reuniam-se sagradamente nos finais de semana em pequenas arenas montadas na base do improviso, onde famílias inteiras se reunião para torcer, vibrar e se distrais com os corajosos peões que banhados ao puro sabor da caninha, montavam o lombo de ferozes cavalos ou bois que mantinham a fama de feras selvagens. Animais rudes que atropelavam seus adversários transformando em heróis aqueles bravos que conseguiam doma-los por poucos 8 segundos. A simplicidade era grande e os animais cada vez mais ferozes. Mas um dia apareceu um touro que ninguém sabia sua origem. Este touro era o terror dos boiadeiros. Ninguém sabia de sua estória nunca ninguém ouvira falar como aquele animal conseguiu aparecer naquela região. Muitos haviam tentado domá-lo, peões de quase todo o pais visitavam a fazenda Dois Irmãos localizada próxima ao rio Paranapanema, onde este estranho animal vivia. Mas ninguém conseguia domar a fera. E assim o tempo ia caipiramente caminhando, num desses domingos, quando o povo reunia-se ao redor da pobre arena para mais um domingo de emoções, os comentários já corriam por entre aquele povo, o boi sem coração será montado por um peão que veio de Ouro Fino, um sujeito estranho que quebrava o chapéu na testa e não permitia que ninguém observasse seu rosto, mas isso pouco importava, o que o povo mesmo queria era ver o boi sem coração atropela-lo. Vários outros peões tentaram naquele dia montar o negro boi, mas como sempre, ninguém parou sobre a fera.
Então chegou a hora do misterioso peão, o povo calou, o boi sem coração foi encurralado, e aquele homem que ninguém ainda via seu rosto se aproximou e montou no lombo do bicho. O silencio tomou conta da arena, até mesmo os animais calaram-se para ver e ouvir aquele tão esperado duelo. A porteira se abriu e o bicho entrou na arena, saltou, saltou e saltou, foram aproximadamente 25 minutos cravados, o povo simplesmente estava atônitos, o boi não só pulava como se contorcia, urrava como uma minotauro, chegou o povo a dizer que o boi sem coração chorava. Até que como um cordeirinho o feroz animal ajoelhou permitindo que o misterioso peão descesse cautelosamente do lombo da fera. Ainda de cabeça baixa quebrou ainda mais o chapéu na testa e discretamente desapareceu por entre a multidão. Todos queriam saber quem era aquele audacioso peão mas nenhuma explicação aparecia. Até que ali sentado sobre o morão da porteira que separava a arena do povo um velho peão, hoje indigente explicou o mistério daquela labuta. A muito tempo atrás, ainda no sertão pelas estradas de Minas e Goiás pelos caminhos de Ouro Fino, boiadeiros cruzavam aquele sertão levando e trazendo boiadas, e numa dessas passagens uma criança que morava num ranchinho a beira chão e vivia abrindo as porteiras existentes naquele lugar, foi terrívelmente pisoteada por um estouro da boiada, e o boi que o matou foi este que todos viram ajoelhar na arena e aquele peão, era aquela criança que voltára com a missão de domar a fera e realizar seu grande sonho que era ser chamado de peão boiadeiro. Aquele bravo homem, que nunca mais voltará era o menino da porteira. Ouvindo aquele causo, o povo correu para a arena, para ver o boi, e mais uma vez ficaram surpresos, o boi sem coração também havia desaparecido.
Até hoje este causo corre por entre as vielas dos pensamentos dos peões que fazem de nossa terra uma terra cheia de sonhos e de lindas fantasias.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
LIGA AÍ Ô!!!
Pequeno Povoado do Panema, uma singela e pacata comunidade rural cravada entre o rio Paranapanema e lindas lavouras de algodão no norte do Paraná.
O ano era de 1980, e todo o Brasil se movimentava com a visita do Papa João Paulo II. Naquela vila só se sabia desta tão importante visita pelos rádios A.Ms e pela calorosa pregação do Frei Lotero, um daqueles já extintos padres carecas, barriga saliente e longa batina preta.
Frei Lotero não se conformava em saber que Sua Santidade estava no Brasil e sua comunidade tinha que se contentar com as noticias vindas pelos chiados das ondas perdidas dos rádios A.Ms. naquele domingo após a missa noturna Frei Lotero não conseguiu dormir, rolou na cama a noite toda até que surgiu a grande idéia.
No dia seguinte logo pela manhã foi à telefonista da Telepar e pediu uma ligação com o Orlando sorveteiro, na cidade de Santa Mariana. Orlando era uma espécie de sorveteiro ambulante que aparecia todos os finais de semana na pequena vila fazendo a alegria da molecada vendendo e muitas vezes até doando seus picolés de groselha que deixava a língua da molecada toda vermelha.
Só que neste final de semana Orlando traria ao povoado algo bem mais interessante que seus saborosos picolés.
A pedido do Frei Lotero, Orlando chegou à vila trazendo um grande televisor Colorado preto e branco dentro de sua Kombi.
A idéia de Lotero era reunir sua comunidade ao redor da telinha, ou telona para assistir a missa campal do Papa em Brasília.
Assim, a vila se movimentou, poucos conheciam de perto um televisor, e a movimentação começou.
O administrador da vila providenciou um jirau no centro da praça para colocar a TV.
Aos poucos as famílias começavam a chegar. A molecada fazia a maior algazarra, os mais velhos achavam que aquilo não era coisa de Deus. As beatas resmungavam dizendo que o Frei estava louco que aquilo não ia dar certo.
Os bêbados achavam tudo muito bom, movimento rendia esmolas e as esmolas rendiam pinga.
A TV foi colocada no jirau, o Seu Adão improvisou um gerador ligado ao motor do trator já que na vila não havia luz elétrica. Seu Nei pescador trouxe uma longa vara de bambu para improvisar a antena.
E enfim quando tudo estava instalado veio o discurso do Frei e ao ligar a TV a surpresa:
Acabou o diesel do trator e o gerador parou.
Houve corre-corre, até que outro galão surgiu.
Na hora de ligar uma brisa um pouco mais forte derrubou a antena.
Problema sanado.
Na hora de ligar mais uma pausa, Ninha filha de Tico resolveu dar a luz, corre-corre para levar a mulher até a parteira.
Parto resolvido parecia que enfim a hora de ver o Santo Padre havia chegado porem, João Preto o bêbado ao louvar a santa caninha tropeçou na corda que amarrava o jirau e derrubou a TV.
Meu Deus! Desabafava o Frei. Mas a turma do deixa disso logo montou o jirau e enfim o Frei ligou a TV.
De primeira a imagem não era muito boa, a missa já havia começado e até o Frei arrumar a imagem todos olhavam atentamente ao televisor até que uma linda imagem surgiu e lá estava o Santo Padre.
Que olhou atentamente para a câmera e disse:
Irmãos! Vão em paz e que Deus vos acompanhe.
Eu vi eu tava lá.
Esta foi a primeira transmissão literalmente ao vivo da TV Coroados de Londrina naquela vila.
Fim
terça-feira, 12 de abril de 2011
O RETORNO DOS TRAPALHÕES "sinópse"
Vale do Sorriso Aberto, assim era chamada a pequena vila cravada entre montanhas num vale florido repleto de animais, flores e muita paz. Um verdadeiro paraíso.
O lugar ficava bem distante da civilização, ali apenas as pessoas de paz, amor e de boas intenções conseguiam chegar. O Vale do Sorriso Aberto era uma espécie de cidade dos sonhos, pois era dali daquele lindo lugar que a felicidade se refletia para todo o mundo. Era ali naquela pequenina viela que se fabricava a tão buscada e sonhada felicidade. E quando falo de fabricar felicidade é porque o povo daquele lugar trabalhava como verdadeiros operários construindo motivos de felicidades e encaminhando àquelas pessoas que eles acreditavam merecer a felicidade. A felicidade por rever um filho distante, a felicidade de passar no vestibular, a felicidade de reencontrar um velho amigo, a felicidade das coisas simples da vida. E a receita era simples, bastava adicionar num frasco, doses certas de paz, amor e simplicidade para o antídoto estar pronto. Assim que a receita ficava pronta, era embalada em lindas caixas de presente e encaminhadas para todo o mundo endereçadas àquelas pessoas que mereciam ser felizes.
Porem naqueles dias, o mundo passava por um período conturbado, guerras, falsidades, traições, ambições, faziam com que a pequena Vale do Sorriso trabalhasse milhares de vezes a mais e mesmo assim não conseguia suprir toda a necessidade do homem moderno.
E para piorar ainda mais as coisas, o temido e macabro vilão rei do mal humor o, Palhaço Mazelas, havia invadido a cidade e roubado a torneira de barro que irrigava a vila com as doses necessárias para produzir a formula da felicidade. Mazelas havia sido no passado um palhaço de circo, e por ter fracassado, pois nunca havia arrancado um só sorriso se quer de uma criança, preferiu aderir ao mundo perverso do mal humor, aterrorizando toda a terra. E naquele dia havia dado o seu golpe maior. Com o roubo da torneira de barro, O Vale do Sorriso Aberto não poderia produzir o antídoto da felicidade e o mundo tornava-se ainda mais triste e repleto de mal humor.
A pequena cidade tinha como grande líder, o velho conselheiro Nono, uma espécie de exemplo para toda a população daquele povoado. Numa tarde triste em que todos estavam desolados, sem saber oque fazer para recuperar a torneira da felicidade, Nono conversava com uma de suas queridas crianças, e pra ela confessava a única chance de salvar a felicidade do mundo.
Dizia ele, que a anos atrás existiu um grupo de amigos que com suas palhaçadas faziam todo mundo sorrir. Porem o destino tornou-se trágico e levou dois destes grandes amigos. O grupo se desfez diante tantas insensatez do próprio homem, e para finalizar Nono disse que somente a união destes quatro amigos poderia trazer de volta a felicidade ao mundo. Somente eles, Didi, Dede, Mussum e Zacarias teriam a força de encontrar, resgatar e devolver a torneira da felicidade ao Vale do Sorriso Aberto.
Mas como reunir estes velhos amigos, se dois deles haviam partido para uma outra vida. Pois esta seria a missão daquele menino. Ir ao encontro dos dois que ainda vivíam, convence-los de aceitar formar novamente o quarteto. E com a ajuda do velho Nono eles encontrariam a resposta de como chegar aos outros dois que já não estavam mais entre eles.
Assim o menino sentindo-se honrado por receber missão tão importante partiu para o Rio de janeiro onde encontraria o velho e bom humorista Renato Aragão. E foi assim, no Rio de Janeiro Renato havia formado um outro grupo e ainda trabalhava em uma emissora de televisão carioca. Dedé, por sua vez depois de um longo inverno sem nos brindar com sua sensibilidade humorística havia se unido a Beto Carreiro e também comandava um grupo, este em Santa Catarina.
Convence-los de tal façanha não foi fácil, no inicio um certo receio, na verdade medo, medo de viverem emoções que ainda não conheciam. Mas os dois grandes humoristas, levados pela façanha do reencontro e motivados pelo objetivo de trazer de volta a alegria ao mundo aceitam a missão. Mas ainda não sabiam como o Mussa e o Zaca fariam parte de tudo isto. Pois era simples, o velho Nono tinha suas ligações com anjos de outros mundos e através deles conseguiu enviar aos céus, o menino, Didi e Dede, para encontrarem-se com Mussa e Zaca, e tentar convence-los a voltar, formar novamente o grupo e salvar o mundo.
E assim aconteceu, o reencontro foi lindo, todo mundo chorou, abraços, lagrimas, e muita brincadeira, Mussum era o mesmo, mesmo no céu estava reunido numa roda de samba, com um pandeiro e seu sorriso inconfundível, tendo como compobente de sua banda, São Benedito. O Zaca estava em um outro plano, um lugar repleto de crianças onde o inesquecível trapalhão contava estórias para a meninada.
E aceitaram!
E em frações de segundos, o grupo estava refeito, de volta a terra, agora eles precisavam encontrar o palhaço Mazelas, vence-lo e trazer de volta ao Vale do Sorriso Aberto a felicidade.
A palhaçada estava de volta, as aventuras e as emoções tomaram conta de todo o país e mais uma vez eles venceram, derrotaram o Mazelas e trouxeram de volta a felicidade ao mundo.
Mas como tudo que é bom termina, o fim chegou novamente, no momento da despedida novas emoções.
Mussum fica descobre que o menino é seu filho, Zaca reencontra familiares que não havia conhecido, mas a emoção maior ficou por conta do abraço final, onde os quatro amigos se despedem mais uma vez.
PAULO BOSSA E O KM 106
Paulo Bossa era um caminhoneiro fiel. Não perdia uma só viagem.
Casado com Laide, italiana falastrona, que vivia a tagarélar pela casa.
Toda vez que Paula se preparava para viajar, na despedida era sempre as mesmas recomendações:
___ Seu Paulo, vá com Deus, faça uma boa viagem, mas não se esqueça. Se usar este pinto veio eu corto e jogo pro leão. Leão era um pastor alemão que a família criava no fundo do quintal.
Paulo seguia viagem, sempre com a imagem das palavras de Laide nos pensamentos.
Ao sair da cidade de Cornélio Procópio, onde moravam, entrou a BR 369 e quando passava pelo Km 106, uma surpresa.
Um carro preto parado a margem da rodovia aparentemente quebrado, pois estava com o capô aberto. Ao se aproximar Paulo notou que uma estonteante japonesa tentava inutilmente resolver o problema. Paulo até pensou em passar direto, pois a rodovia é pedagiada, mas seria desumano, e a beleza da japonesa o intrigava. Estacionou seu possante, aproximou-se e perguntou:
___ Posso ajudar moça?
___ Claro senhor! Não entendo nada de mecânica.
Paulo tremeu as pernas, a japonesa era algo alem da beleza, a perfeição oriental em pessoa. Meio gago de pernas bambas tentou resolver o problema mas foi inútil. Os olhares de Paulo percorriam o decote a japonesa, as curvas eram estonteante, mas a frase de Laide não saída do pensamento, “corto e jogo para o leão”.
Então vendo que não conseguiria arrumar Paulo sugeriu guinchar com seu caminhão até a cidade de Jataizinho, em uma oficina.
E assim foi. No percurso o dialogo fluiu, e entre uma cantada e os pensamentos nas frases de Laide o clima entre os dois pintou.
Paulo Pensava:
___ E se a Laide souber? Mas ela não esta vendo. Oque os olhos não vêem o coração não sente.
Então seja oque Deus quiser. Paulo deixou o carro da japonesa em uma oficina e rumaram-se para um local onde passaram a noite.
Na manhã seguinte a japonesa pediu para Pulo deixa-la em casa. E assim fez Paulo.
Entrou com seu caminhão na cidade de Jataizinho, e bem de frente ao cemitério a japonesa pediu para parar.
___ Você mora aqui? Perguntou Paulo meio confuso.
___ Sim. Já faz três anos.
___ E você não tem medo?
___ Antes de morrer tinha, hoje não.
Foi quando descobriu que a linda japonesa havia morrido a três meses em um acidente de transito no km 106 da BR 369.
E tenho dito...
Casado com Laide, italiana falastrona, que vivia a tagarélar pela casa.
Toda vez que Paula se preparava para viajar, na despedida era sempre as mesmas recomendações:
___ Seu Paulo, vá com Deus, faça uma boa viagem, mas não se esqueça. Se usar este pinto veio eu corto e jogo pro leão. Leão era um pastor alemão que a família criava no fundo do quintal.
Paulo seguia viagem, sempre com a imagem das palavras de Laide nos pensamentos.
Ao sair da cidade de Cornélio Procópio, onde moravam, entrou a BR 369 e quando passava pelo Km 106, uma surpresa.
Um carro preto parado a margem da rodovia aparentemente quebrado, pois estava com o capô aberto. Ao se aproximar Paulo notou que uma estonteante japonesa tentava inutilmente resolver o problema. Paulo até pensou em passar direto, pois a rodovia é pedagiada, mas seria desumano, e a beleza da japonesa o intrigava. Estacionou seu possante, aproximou-se e perguntou:
___ Posso ajudar moça?
___ Claro senhor! Não entendo nada de mecânica.
Paulo tremeu as pernas, a japonesa era algo alem da beleza, a perfeição oriental em pessoa. Meio gago de pernas bambas tentou resolver o problema mas foi inútil. Os olhares de Paulo percorriam o decote a japonesa, as curvas eram estonteante, mas a frase de Laide não saída do pensamento, “corto e jogo para o leão”.
Então vendo que não conseguiria arrumar Paulo sugeriu guinchar com seu caminhão até a cidade de Jataizinho, em uma oficina.
E assim foi. No percurso o dialogo fluiu, e entre uma cantada e os pensamentos nas frases de Laide o clima entre os dois pintou.
Paulo Pensava:
___ E se a Laide souber? Mas ela não esta vendo. Oque os olhos não vêem o coração não sente.
Então seja oque Deus quiser. Paulo deixou o carro da japonesa em uma oficina e rumaram-se para um local onde passaram a noite.
Na manhã seguinte a japonesa pediu para Pulo deixa-la em casa. E assim fez Paulo.
Entrou com seu caminhão na cidade de Jataizinho, e bem de frente ao cemitério a japonesa pediu para parar.
___ Você mora aqui? Perguntou Paulo meio confuso.
___ Sim. Já faz três anos.
___ E você não tem medo?
___ Antes de morrer tinha, hoje não.
Foi quando descobriu que a linda japonesa havia morrido a três meses em um acidente de transito no km 106 da BR 369.
E tenho dito...
terça-feira, 5 de abril de 2011
A LABUTA "poema"
Rasga-se o véu da madrugada,
desvirginando a manhã cabocla do sertão.
Rasga-se a escuridão enluarada, parindo o dia
entre prosa e canção.
Sereno que encharca nossas almas, brisa
que acalenta nosso ser, fumaça do fogão a lenha,
já tem café quente pro caboclo bebe.
Calou-se o grilo estridente, o coaxar do sapo se foi,
anunciou a manhã cabocla o galo preto e o boi.
Lima nova no afiar da enxada, cabo de peroba do bão,
ceifar a terra de Deus, semente amante do chão.
Calos que esculpem a mão, palheiro arrochado e o binga
queimando o fumo peão.
Engole seco a poeira, limpa o suor da testa com a mão.
Momento já é meio dia, marmita, ovo, serraia e feijão.
O sol esquenta o moleira, a formiga cutuca o dedão.
É hora da Ave Maria joelho dobrado no chão.
Gilberto Julia
sexta-feira, 25 de março de 2011
O MONSTRO DO LAGO NESS VISITOU LONDRINA
O garotinho de nariz ranhento parou a bicicleta e ainda ofegante me perguntou:
___ Ô tio! Dondi fica o Lago Igapó?
Confesso que eu ainda estava meio confuso. Pois à pouco chegara em Londrina e o amor imediato me fez ficar.
___ Siga nesta direção, logo após aquela esquina você o encontrará.
Não demorou muito um casal de velhinhos, muito animados por sinal, perguntaram:
___ Ô meu filho, o Lago Igapó esta longe?
___ Não vô! É logo ali, depois daquela esquina.
Em seguida um casal de namorados.
Logo mais, um grupo de estudantes.
Veio o indigente, o vendedor de pipoca, e os sorveteiros rumaram-se na direção do lago.
Dois guris rolando um pneu também. O moto boy, um gordo que caminhava.
E três amigos; o de muleta dizia:
___ Andem logo. Vocês vão me atrasar.
___ Num quero nem ver. __ respondeu o ceguinho:
Enquanto o mudinho apenas gesticulou, querendo dizer:
___ Num tô falando?
Confesso que a curiosidade bateu. Juro que eu também queria saber oque ocorria de tão extraordinário no Lago Igapó.
Assim como quem não quer nada, disfarçadamente, fui me dirigindo ao Lago.
Haaaa! Se vocês soubessem! Londrina é mesmo inexplicável.
Lá estava ele. Robusto, forte, uma calda linda e imponente.
Rodeado de curiosos, até a imprensa estava lá pra registrar o fato.
Acreditem! Havia um jacaré no lago igapó.
Londrina é assim.
Tem locutor esportivo famoso.
Tem exemplo nas olimpíadas.
Tem um povo maravilhoso, tem ministro.
Agora tem até jacaré no Lago.
Só nos falta, um prefeito.
Crônica publicada no Jornal de Londrina em dezembro de 2008 para comemorar o aniversário da cidade de Londrina. Neste período um processo havia afastado o Prefeito Municipal.
POMPEIA "sinópse"
O final daqueles tempos parecia ser exatamente aquele momento.
Depois de milhões de anos em que a terra havia sido dominada por deuses, um novo tempo começava a surgir. Os deuses que dominavam as águas, a terra, os ventos, e cada uma dessas dádivas divina, concluíram que aquele era o momento para a grande transição. Momento em que eles passariam os mistérios da vida aos homens, como Deus desejava.
Assim, todos eles, do deus sol a deusa lua, reuniam-se em Pompéia para a grande transição. Mas o deus terra se opunha aquela decisão, afirmava que o homem mortal não estava pronto para descobrir a origem da vida. O chamado elo entre o criador e a criação. Mas como os deuses usavam da sabedoria e da plena democracia, a maioria venceu e naquele dia 28 de agosto de 1400, na pequena vila de Pompéia, todos reuniam-se para abrir a caixa secreta, recipiente sagrado onde se depositava a luz da vida que em contato com a luz do sol surgiria um portal, que daria a passagem para o mundo da vida, lugar onde estariam escritas todas as respostas até hoje procuradas pelo homem.
Assim se fez. Ao redor de uma grande mesa, todos os deuses preparavam-se para a cerimônia. Apenas o deus terra por se opor, preferiu não comparecer. Então foi assim, momentos antes da caixa da vida ser aberta e todos os segredos da criação serem revelados aos mortais, o deus terra usou sua poderosa força e lançou sobre Pompéia sua fúria. Os outros deuses foram pegos de surpresa, e toda a vida naquele pequeno vilarejo, tornou-se pedra. Até mesmo os grande deuses se petrificaram à volta daquela mesa, tendo ao centro a misteriosa caixa da vida. Assim os segredos da humanidade, e todas as respostas às perguntas feitas pelos homens de hoje ainda estão protegidas, petrificadas naquela pequena caixa.
Vaticano ano 2003 DC.
O Papa João Paulo II preparava-se para revelar ao mundo o terceiro segredo de Fátima. Por todo o globo terrestre, a imprensa especulava sobre o verdadeiro conteúdo daquele segredo. Falava-se sobre o atentado do Papa nos anos 80, mas algumas correntes, inclusive dentro da própria igreja comentavam sobre a existência da caixa da vida e que este era o verdadeiro segredo a ser revelado.
O alto escalão católico negava as informações, mas de dentro da igreja uma ala radical e desconfiada resolve enviar à Pompéia uma comissão para investigar e tentar localizar a caixa, antes que outras pessoas colocassem as mãos naquela relíquia Divina. A comitiva católica era composta por quatro integrantes do alto escalão do Vaticano, entre eles Don Honório Agustini, uma espécie de descontente com o andamento da Igreja Católica diante a realidade humana nos dias de hoje. Seus planos não eram apenas preservar a caixa, e sim apoderar-se da mesma e tornar-se o homem mais poderoso do mundo.
Nesta comitiva, ainda encontrava-se Marina, uma espécie de braço direito do alto comando Papal.
Woshington, ano de 2003 DC.
Enquanto o Vaticano se preparava para anunciar ao mundo o terceiro segredo de Fátima, na capital americana, sendo mais exato na sede do Governo, um executivo, proprietário de uma poderosa empresa no ramo de informática reunia-se com o Presidente Americano expondo sua descoberta, sobre o possível segredo religioso e que, se os americanos colocassem as mãos naquela relíquia, o país dominaria o mundo tendo aquela empresa como a administradora do feito.
Naquele encontro, o empresário pedia apoio do governo americano para colocar seus planos em ação enviando soldados para a região de Pompéia para também pesquisar e encontrar a caixa.
Brooklin, uma noite qualquer de 2003.
Num beco deserto num clima pós-chuva, apoiando-se sobre alguns latões de lixo, dormia como um anjo, o jovem indigente de cor negra, Clinton.
Enquanto Clinton dormia, uma forte luz cortava o céu do Blooklin e pousava ali ao lado daqueles latões. Da luz surgia um anjo que serenamente observava Clinton. E ali ficava decidido que aquele simples homem seria quem salvaria a humanidade, evitando que a caixa da vida caísse em mãos ambiciosas.
Foi assim que Clinton envolveu-se em uma trama inexplicável e quando, deu-se por fé estava em Pompéia totalmente envolvido com a questão da caixa.
Pompéia, alguns dias depois.
Os americanos transformaram a pequena vila, em um cenário de guerra. A igreja católica dividida, infiltra sua comissão por entre aquele povo, e no aeroporto chega ainda sem entender quanta mudanças em sua vida o ex indigente Bill Clinton.
Clinton não entendia nada e como se guiado pela mão de Deus, vai cada vez mais se aproximando do mistério da caixa.
Enfim, todos estavam em Pompéia. E assim começa uma grande batalha à busca daquela relíquia. Catástrofes, monstros mitológicos, mágicas e um fantástico mundo de ilusões movimenta aqueles que sonham em por as mãos na poderosa caixa da vida.
Assim, os bons de coração começam a se aproximar da caixa.
A enviada pela Igreja Católica se apaixona por Clinton, que durante a batalha já havia se declarado a moça. A batalha de Pompéia torna-se cada vez mais difícil, e tendo como cenário o cume de um vulcão Clinton consegue apoderar-se da caixa. Neste momento as forças armadas americana invadem o local, e comandada pelo ambicioso empresário, golpeia Clinton, fuzila a comissão da igreja e apodera-se da caixa. A reação de Clinton é imediata e com o apoio de Marina consegue recuperar a relíquia. É neste momento que todos os pensamentos humanos de poder e conquista passam pela cabeça de Clinton. Mas as imagens das guerras, fome, miséria e a desgraça humana, faz o herói acreditar que o homem ainda não esta preparado para apoderar-se de tanto poder. E em sua mais profunda sensatez permite que a caixa caia no olho do vulcão, onde o rico empresário, desesperado pula atrás.
Depois de milhões de anos em que a terra havia sido dominada por deuses, um novo tempo começava a surgir. Os deuses que dominavam as águas, a terra, os ventos, e cada uma dessas dádivas divina, concluíram que aquele era o momento para a grande transição. Momento em que eles passariam os mistérios da vida aos homens, como Deus desejava.
Assim, todos eles, do deus sol a deusa lua, reuniam-se em Pompéia para a grande transição. Mas o deus terra se opunha aquela decisão, afirmava que o homem mortal não estava pronto para descobrir a origem da vida. O chamado elo entre o criador e a criação. Mas como os deuses usavam da sabedoria e da plena democracia, a maioria venceu e naquele dia 28 de agosto de 1400, na pequena vila de Pompéia, todos reuniam-se para abrir a caixa secreta, recipiente sagrado onde se depositava a luz da vida que em contato com a luz do sol surgiria um portal, que daria a passagem para o mundo da vida, lugar onde estariam escritas todas as respostas até hoje procuradas pelo homem.
Assim se fez. Ao redor de uma grande mesa, todos os deuses preparavam-se para a cerimônia. Apenas o deus terra por se opor, preferiu não comparecer. Então foi assim, momentos antes da caixa da vida ser aberta e todos os segredos da criação serem revelados aos mortais, o deus terra usou sua poderosa força e lançou sobre Pompéia sua fúria. Os outros deuses foram pegos de surpresa, e toda a vida naquele pequeno vilarejo, tornou-se pedra. Até mesmo os grande deuses se petrificaram à volta daquela mesa, tendo ao centro a misteriosa caixa da vida. Assim os segredos da humanidade, e todas as respostas às perguntas feitas pelos homens de hoje ainda estão protegidas, petrificadas naquela pequena caixa.
Vaticano ano 2003 DC.
O Papa João Paulo II preparava-se para revelar ao mundo o terceiro segredo de Fátima. Por todo o globo terrestre, a imprensa especulava sobre o verdadeiro conteúdo daquele segredo. Falava-se sobre o atentado do Papa nos anos 80, mas algumas correntes, inclusive dentro da própria igreja comentavam sobre a existência da caixa da vida e que este era o verdadeiro segredo a ser revelado.
O alto escalão católico negava as informações, mas de dentro da igreja uma ala radical e desconfiada resolve enviar à Pompéia uma comissão para investigar e tentar localizar a caixa, antes que outras pessoas colocassem as mãos naquela relíquia Divina. A comitiva católica era composta por quatro integrantes do alto escalão do Vaticano, entre eles Don Honório Agustini, uma espécie de descontente com o andamento da Igreja Católica diante a realidade humana nos dias de hoje. Seus planos não eram apenas preservar a caixa, e sim apoderar-se da mesma e tornar-se o homem mais poderoso do mundo.
Nesta comitiva, ainda encontrava-se Marina, uma espécie de braço direito do alto comando Papal.
Woshington, ano de 2003 DC.
Enquanto o Vaticano se preparava para anunciar ao mundo o terceiro segredo de Fátima, na capital americana, sendo mais exato na sede do Governo, um executivo, proprietário de uma poderosa empresa no ramo de informática reunia-se com o Presidente Americano expondo sua descoberta, sobre o possível segredo religioso e que, se os americanos colocassem as mãos naquela relíquia, o país dominaria o mundo tendo aquela empresa como a administradora do feito.
Naquele encontro, o empresário pedia apoio do governo americano para colocar seus planos em ação enviando soldados para a região de Pompéia para também pesquisar e encontrar a caixa.
Brooklin, uma noite qualquer de 2003.
Num beco deserto num clima pós-chuva, apoiando-se sobre alguns latões de lixo, dormia como um anjo, o jovem indigente de cor negra, Clinton.
Enquanto Clinton dormia, uma forte luz cortava o céu do Blooklin e pousava ali ao lado daqueles latões. Da luz surgia um anjo que serenamente observava Clinton. E ali ficava decidido que aquele simples homem seria quem salvaria a humanidade, evitando que a caixa da vida caísse em mãos ambiciosas.
Foi assim que Clinton envolveu-se em uma trama inexplicável e quando, deu-se por fé estava em Pompéia totalmente envolvido com a questão da caixa.
Pompéia, alguns dias depois.
Os americanos transformaram a pequena vila, em um cenário de guerra. A igreja católica dividida, infiltra sua comissão por entre aquele povo, e no aeroporto chega ainda sem entender quanta mudanças em sua vida o ex indigente Bill Clinton.
Clinton não entendia nada e como se guiado pela mão de Deus, vai cada vez mais se aproximando do mistério da caixa.
Enfim, todos estavam em Pompéia. E assim começa uma grande batalha à busca daquela relíquia. Catástrofes, monstros mitológicos, mágicas e um fantástico mundo de ilusões movimenta aqueles que sonham em por as mãos na poderosa caixa da vida.
Assim, os bons de coração começam a se aproximar da caixa.
A enviada pela Igreja Católica se apaixona por Clinton, que durante a batalha já havia se declarado a moça. A batalha de Pompéia torna-se cada vez mais difícil, e tendo como cenário o cume de um vulcão Clinton consegue apoderar-se da caixa. Neste momento as forças armadas americana invadem o local, e comandada pelo ambicioso empresário, golpeia Clinton, fuzila a comissão da igreja e apodera-se da caixa. A reação de Clinton é imediata e com o apoio de Marina consegue recuperar a relíquia. É neste momento que todos os pensamentos humanos de poder e conquista passam pela cabeça de Clinton. Mas as imagens das guerras, fome, miséria e a desgraça humana, faz o herói acreditar que o homem ainda não esta preparado para apoderar-se de tanto poder. E em sua mais profunda sensatez permite que a caixa caia no olho do vulcão, onde o rico empresário, desesperado pula atrás.
O LENDÁRIO GENORÃO
Há! Esse tal de Genorão, Na verdade era Agenor Pereira dos Santos, um típico boiadeiro mineiro que vivia pelas andanças do sertão brasileiro levando e trazendo boiadas.
Numa dessas fantásticas cruzadas, Genorão acabara de levar quase 2000 bois de Minas ao Paraná. Havia entregue dedicadamente boi por boi. Dispensou sua comitiva que voltou para Minas e resolveu dar um bodeijo pelas terras paranaenses. E foi ali, onde hoje é a BR 369 que liga Londrina à Ourinhos no Estado de São Paulo. Um pequeno povoado se firmava a mata ainda era virgem a atual BR era apenas uma confusa picada no meio da mata. Mas onde é hoje o KM 95 havia algumas casas uma espécie de colônia de lavradores que lidavam na lavoura de café. E como não poderia faltar havia uma casa de diversão, na época chamada de zona, ou zonão. E foi ali que Genorão viveu uma de suas mais inexplicáveis histórias.
Adentrou a vila com seu imponente cavalo branco, parecia um herói de filmes americanos. Parou diante a zona, quebrou seu chapéu na testa, fez pose de quem queria dizer, “ cheguei”.
Logo veio uma linda morena, cabelos longos e lisos, corpo escultural distribuído dentro de um longo vestido. Longo porem abusado nos decote e na abertura lateral.
Genorão não se fez de rogado foi logo abraçando a morena e partindo para os beijos e abraços.
Os carinhos foram regados pela mais pura cachaça daquela região.
A festa no ambiente entrou noite a fora. E quando Genorão se deu por fé estava no quarto, já pronto para mais uma de suas milhares de aventuras. Foi quando lembrou que por uma questão de respeito a Nossa Senhora Aparecida não fazia maior com o seu cordão de prata que trazia como pingente um a imagem da Santa. Interrompeu por segundos o desejo, retirou a cordão e delicadamente o pendurou sobre a guarda da cama. E assim Genorão e a linda morena cruzaram a noite entre carinho e altas gargalhadas.
Enfim o dia amanheceu, Genorão pagou a moça, vestiu sua capa, quebrou o chapéu na testa, montou seu alazão e partiu mata a fora. Ao cruzar a pequena ponte do rio Macuco ainda existente no local, lembrou-se de seu cordão com a imagem da Santa. Genorão poderia perder tudo nesta vida, menos aquele cordão, acreditava ele que a imagem o protegia do mal.
Aos galopes retornou ao povoado, cruzou a rua central e meio confuso não encontrava o prostibulo. Foi e voltou várias vezes mas não localizava a casa. Lembrou-se que a casa ficava entre uma venda e uma selaria. Observou por vários minutos, a venda estava ali, a selaria também, mas entre uma e outra havia apenas um terreno baldio, coberto de capim colonhão e alguns pés de mamona.
___Não! Eu não estou ficando louco, tenho certeza que era aqui. – Indagou Genorão.
Caçou a barba, tirou e colocou várias vezes o chapel. Rodeou de novo o local e não agüentou.
Ao observar uma beata que por ali passava, tentou perguntar se estava no lugar errado, se ali não havia uma casa amarela com fitas pregadas na porta.
A beata nem deu atenção, continuou andando, ignorando o peão.
Em seguida veio um senhor de cabeça baixa. Então foi a pergunta.
___ Moço! Me diga que não estou louco. Cadê aquela casa amarela que ficava aqui, exatamente aqui neste lugar.
___ O senhor não deve ser daqui, não é não?
___ Sou de Minas Gerais, mas não enrola. Cadê a casa daqui?
___Carma seu moço. Não quis perturbar. Mas se o senhor não sabe vou contar. Ai era uma zona muito famosa, mas já faz dez anos que houve um incêndio, um fogo horrível, e as meninas morreram todas queimadas.
___ Larga de mentiras seu bêbado caduco. – Bravejou Genorão.
___ Se quiser acreditar, acredite, se não quiser, nem te ligo. Saindo de cabeça baixa o velho homem.
Genorão ficou confuso. Como poderia essa estória ser verdade, se na noite passada, ali naquele mesmo lugar havia passado uma bela noite.
Mesmo assim, apiou do cavalo, abriu o capim colonhão, e lentamente foi adentrando o mato. Alguns pés de mamona invadiam o local, resíduos de carvão, pedaços de mobílias queimadas, um cenário horrível.
E foi ali, exatamente ali que Genorão teve a maior surpresa de sua vida.
Pendurado em um galho de um pé de mamona o seu cordão com a imagem da santa.
Exatamente como ele havia deixado.
Original do curta "Genorão" da RPC/Globo 2008.
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